Como vai a sua empatia? Quando o que importa é o outro
Dentro de um mundo cada vez mais informacional, com os canais de comunicação multiplicando-se de forma avassaladora, mais do que criar, a capacidade de manter os relacionamentos pode separar as pessoas de sucesso das outras. Considerando que todo relacionamento reflete-se em grande parte pela qualidade da comunicação, e que a maioria de nós passa 70 % do dia envolvido neste processo, torna-se vital personalizar o seu ouvido.
O quê? Personalizar o ouvido? Era só o que me faltava... mais uma ...!?
Sabe aqueles conceitos fáceis de compreender, mas que na prática são um pouco mais complicados? Pois é, estamos falando de um. Personalizar o ouvido quer dizer ouvir cada pessoa como um indivíduo totalmente diferente dos outros. A boa comunicação parte do como ouvimos, e não do que falamos. Aliás, você conhece aquelas pessoas que falam e falam, mas nada dizem? Ouvir cada pessoa com atenção e vontade de entendê-la realmente talvez seja uma maneira mais fácil de definir o que seja empatia.
A empatia requer um interesse real de ouvir o outro, além de uma disposição a estar aberto a novos conceitos e maneiras de pensar. E é justamente aí que entram nossos "filtros mentais". Aqueles filtros que correspondem a preconceitos, valores, idéias arraigadas de forma profunda em nossas crenças, em nosso subconsciente.
Na verdade, é mais cômodo ser escutado do que escutar. Essa é uma atitude comum no ser humano. Estar ocupado com suas próprias tarefas e sentimentos pode parecer mais vantajoso para a obtenção dos seus resultados pessoais e profissionais. No entanto, a médio e longo prazo, posso garantir, ser empático trará recompensas e resultados muito maiores e construtivos, possibilitando até a superação de seus objetivos iniciais.
Canais de comunicação
Um dos grandes paradoxos de nossos tempos reside na contradição entre a quantidade de canais de comunicação disponíveis e a queda da qualidade do relacionamento humano.
A tecnologia não pode ser responsabilizada pela aceleração do ritmo de vida moderno, mas sim, a maneira como construímos nossa sociedade. Em outras palavras, utilizar a falta de tempo para encobrir a inabilidade em estar aberto ao outro, ao novo, é muito fácil. O difícil é abandonar a tendência egoísta de acharmos que estamos sempre certos, tornando-nos predispostos a ouvir e saber que os outros têm sempre algo importante a nos passar.
Outra confusão a ser evitada: relacionar empatia e estado de ânimo é um erro muito comum. A verdadeira empatia deve vencer os sentimentos (nos quais estamos alojados em nossos próprios mundos), para que possamos avançar em relação ao outro.
Por fim, os preconceitos são nossas principais defesas e funcionam como barreiras erigidas para bloquear novas formas de pensar, compreender e sentir o mundo. Dessa forma, agimos como inibidores da nossa própria mentalidade que, enrijecida, vai impedir o desenvolvimento e a capacidade de ser empático.
Para aumentar sua capacidade de empatia, evite:
* Julgar a outra pessoa enquanto ela fala ou tecer rótulos como idiota, fútil, chato etc.
* Julgar de antemão o que é importante e o que não é em relação ao que o outro está dizendo - ouça com a mente aberta.
* Comparar-se ao outro (por exemplo: Quem é mais inteligente?; Eu nunca faria isso; Como ele não consegue ver a solução?).
* Interpretar exatamente pelo que está sendo dito (preste atenção aos detalhes; tente ler as entrelinhas).
* Acreditar que o seu ponto de vista é sempre o certo.
* Competir com os pensamentos da outra pessoa, querendo respondê-la rápido e interrompendo-a constantemente.
Ainda mais um motivo para a urgência da SUA empatia: por causa da velocidade do ritmo de vida, sem qualidade na comunicação interpessoal, muitos erros ocorrerão e não terão tempo para reparação. No simples português: faça bem feito para fazer uma só vez.
Missão para o século XXI - estimular a empatia no semelhante
A empatia é sobre você dar para depois receber! Primeiro você educa, confiando na pessoa e trazendo-a para perto. Depois, a confiança torna-se mútua e a empatia tende à melhoria de qualidade conforme o tempo passa.
O ponto de partida para incrementar sua capacidade de empatia, se é que existe um, está ligado a uma crença que deve ser removida. A crença de que as pessoas, na maioria das vezes, não têm algo importante para nos passar.
Caso você permita, o egoísmo e o cinismo, tão comuns nos dias atribulados de hoje, podem derrocar qualquer habilidade de relacionamento e identificação com os semelhantes. A pessoa continua conversando e realizando suas tarefas, mas fechado que está, simplesmente deixa de se comunicar. E fala, fala, fala, mas não ouve (ou "ouve pela metade").
Saber ouvir e estimular o semelhante para que aprenda a também ouvir serão os maiores desafios do ser humano nas próximas décadas saturadas de informação. Atenção: nenhuma tecnologia milagrosa do futuro próximo poderá substituir o valor de um bom ouvinte. Para encerrar, deixo um acróstico que me desafiei a criar. Se quiser imprimi-lo e colar à sua frente, algo de muito empático você já pode ter! Vamos a ele:
Enlaçar-se ao semelhante, unindo idéias e sentimentos.
Mobilizar-se, estando atento e pronto para o outro.
Patrocinar as idéias dos semelhantes no sentido de sugerir melhoras ou formar parcerias.
Acreditar no potencial alheio.
Tratar o outro como gostaria de ser tratado.
Incentivar o semelhante em seus avanços e desafios.
Amar no sentido de poder doar-se quando necessário.
Por Álvaro Nassaralla para o RH.com.br
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